Há um desacordo ortográfico que nos tem afligido. Ou pelo menos a quem tenta conciliar a sua educação e ensino de forma pragmática.
Se antes o português era uma língua de miscigenação, onde se misturava, agora este novo proto-guês divide.

Há Luso-português, Ibero-português, português do Brasil, Afro-português, e um pouco de tudo que a estratégia quiser alcançar.

Nesse sentido, e porque as raízes do exílio me permitem, trago uma expressão idiomática Brasileira, tão actual e expressiva da Europa contemporânea.

“Presente de Grego”

Não só há um sentido temporal, de se referir ao presente como o momento que vivemos, como ao facto de se tratar de uma oferenda.
Ao ser Grega, e a expressão tem as suas origens no célebre cavalo de Tróia, quer justamente dizer isso: esperar-se receber algo agradável e quando se vai abrir a dita oferta, é problema na certa.
E a Grécia está a ser o verdadeiro presente no presente.

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Desde que o Syriza se propôs a alterar o paradigma Democrático Europeu, quiçá Ocidental, que se perdeu o senso e sentido da noção da obrigatoriedade, do acordo assinado, do cumprimento, do antecedente ou mesmo do prévio, do significado das palavras aplicadas.

Esta noção de se fazer “tábua rasa” – na literal tradução do latim ‘tabula rasa’; e começar do zero, que Varoufakis, o bon vivant Ministro da Economia Grego, apenas me dão a ideia de que esta geração viveu muito dentro de video-jogos, em que o número de vidas era ilimitado, e ao se chegar ao GAMEOVER bastava um reset para começar de novo.

A questão subjacente, e pela qual nem a União Europeia, os Credores, o FMI, a Comissão, os Comissários ou os comissionados vão deixar cair a Grécia, é porque a sua queda não é a falência de um Estado Membro, mas da capacidade Humana de lidar com a adversidade.

Tsipras, o eleitíssimo Primeiro Ministro da ‘nova’ Democracia Grega – entenda-se a graça idiomática do prefixo ‘nova’; sabe disso, e disso fez jogo.
É a nefasta Direita Europeia contra a revigorada inovadora Esquerda Mundial.
A questão que se coloca, antes da queda da expressão, é:
Há Grécia neste presente?
Ou o nosso presente é a Grécia?

É que o desacordo ortográfico isolou-nos ainda mais, e no proto-guês actual, a seguir à Grécia, o presente é Português.
E nesse GAMEOVER, não há anti-virus que nos salve num reset.

‘Show me the money?’

A questão que permanece imutável nesta sintomática letargia de expressões idiomáticas é simples: não há dinheiro?

Quando Vitor Gaspar o disse, primeiro em Concelho de Ministros, e depois à imprensa, a expressão tornou-se vernáculo popular. “Não há dinheiro! Destas três palavras qual é que não percebeu?”

Mas se não há, para pagar a dívida Nacional, ou já agora o futuro próximo default Grego, porque não imprimir mais e deixar o dinheiro correr livre?
A verdade é que depois de Nixon a moeda perdeu a sua referência ouro, ou de outro qualquer metal precioso, e vale o valor que se lhe cunhe.

Na prática basta ir imprimindo mais papel com valores inventados para sustentar um regime despótico daqueles que batem o pé e não querem pagar, já que assim bem podem dar tudo o que prometeram em campanha.

Mas aqui a porca da política – e da memória passada; torce o rabo. O dinheiro, a existir mais, mesmo sem referencia de limite correspondente, perde o seu significado.
Há mais, tudo vale menos.
Ficaríamos num Mundo ideal, porventura sonhado pela Sociedades Utópicas Socialistas, em que todos têm igual direito a tudo, porque na verdade tudo é de todos.

Só que nesse instante, em que o individualismo mais não é feito pela posse, nem pela pose, onde estaria o ‘eu’ singular?
Ou a capacidade de atribuição de valor próprio?
Quem sabe esteja embrulhado num presente, com remetente e selo: Ελληνική Δημοκρατία

Nota histórica:
O padrão ouro, quando desaparece, no seu lugar são instituídas as taxas flutuantes de câmbio, responsáveis por manter, artificialmente, as taxas de inflação. A questão é que a Sociedade Moderna, sobretudo com o modelo tecnológico, perverteu todo o sistema e vivemos na artificialidade do jogo monetário.

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