O Mundo Moderno não precisa mais de espiões. Não daqueles como se viam nos filmes do antigamente.

A contra-espionagem, a de roubar segredos, acabou.

Desde Snowden que a espionagem já não é mais a mesma.
Tudo fica em risco quando o ‘vírus’ que elimina a própria criação é por ela criado.
É um clássico mito da criação Humana.

 

Hoje vivemos num permanente estado policial onde a delação integral uns dos outros está aqui, no digital, do dito por não dito, da consequente verdade, que transparece como inevitável, e que fica para todo o sempre: as Redes Sociais.

 

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“Framed Reversed”

 

A verdade é que, para quem as usa – eu sou um deles; há um código de deontologia e ética profissional, se de uma profissão se tratasse, que deveria reger aquilo que se publica, diz, faz dizer, trata e faz tratar, quem existe aqui enquanto ser que vive e respira, ou por tal responde.

Ver a vida de alguém transcrita numa vida acrílica e digital é acreditar que podemos ser mais do que na verdade somos.

É crer que vivemos num permanente estado de euforia na partilha incansável de tudo o que dizemos, fazemos, pensamos, muitas vezes sem nada pensar, fazer ou mesmo dizer.

A maioria das vidas não tem interesse, ou pelo menos não num sentido amplo do que define a palavra interesse.

Será que vivemos de facto, ou há um facto a ser vivido?

 

Saber articular palavras não é apenas escrever frases com um estrito sentido verbal, é mais. É saber que no inerente sentido daquilo que se escreve, dar conteúdo a uma fluente escrita que é passível de ser lida e compreendida por terceiros.

O uso da palavra e sua ortografia, embora possam e devam evoluir, seguem códios e preceitos milenares, passados entre gerações.

Esta, com a articulação de algo novo, anda não se adaptou à privacidade devassada por escolha pessoal.

 

A vida em Sociedade tem regras, e nas redes sociais deveria também ter. Mas não.

Aqui as pessoas permitem-se ser, ou ter, mais visível uma sua faceta que se mantêm mais anónima do que pública. Como disse antes: devassamos-nos por opção, ou fazemos disso um teatro de variedades.

Dizem mais o que pensam, ou justo o contrário: falam sem pensar, apenas para poderem – porque podem; articular livremente o seu pensamento.

 

Eu partilho incessantemente a minha verborreia, nessa minha incontinência de pensamento, aqui, como nas redes sociais, assim como no exterior, onde o realismo é saboreado pelo ar que respiro e o som da palavra ressoa nos tímpanos nus de quem me ouve perto da saliva que repercute as minhas palavras. É táctil.

 

Por isso digo que as redes sociais, nesta adaptação ao Mundo em que se vive e tudo se quer saber sem nada informar, são mais rédeas sociais, mantendo um artificioso controlo da artificial vida que se quer pretender viver.

 

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