Segundo o próprio aquele era o “dia de maior orgulho da sua vida e da vida do país”.
Horas antes, nesse 17 de Abril de 1970, a malfadada missão da Apolo 13 lograva amarar em segurança no ocenao pacifico terminando 5 longos e tensos dias de preocupação e comoção (inter)nacional.
Richard Nixon era o Presidente certo num momento oportuno, celebrando esse mesmo dia com a sua 4ª edição dos concertos “Uma Noite na Casa Branca”. O convidado: Johnny Cash, “rei da música country”, vocal apoiante do Presidente e a sua política anunciando o fim da guerra no Vietnam.

Nixon, na esperança de angariar o apoio da base de fãs de Cash, queria demonstrar que o Presidente gostava de um dos gêneros musicais mais populares nos Estados Unidos a par de impor as suas crenças ideológicas de uma conservadora América Republicana face à radical ameça Democrata.
Assim, alinhado para cantar sob pedido presidencial, sentindo-se a tensão no ar pelas músicas escolhidas por Nixon conterem conotações raciais e antihippies, Johnny Cash apresenta-se sem antes revelar a playlist final.

A noite estava perfeita. A Sala Este da Casa Branca estava lotada com mais de 200 convidados: políticos sulistas, estrelas da música country, membros das famílias Cash, Carter e Nixon.
O visual country face à sufisticação elegante e capitalista nunca entraram tanto em confronto como prelúdio para a geração yuppie que está por vir.
A América não era uma, eram duas, em frente e oposição, um choque que mereceu aplauso quando Cash, conhecido por evitar o combate político, encerra o espectáculo com a sintomática “What is Truth?” – ‘O que é verdade?’; uma canção onde os versos da música mudam entre vários cenários de jovens questionando porque o mundo é como é: desde um menino perguntando ao pai porque a guerra existe, até um jovem num banco de testemunhas que diz a verdade, mas não é ouvido por causa de sua aparência.

A guerra no Vietnam, a promessa da mesma terminar, o regresso das tropas, o apoio perante uma mentira instituída reverberaram nessa canção.
No ruido que o napalm faz ao queimar os inocentes, no silêncio da política que o determina, na intriga dessa pergunta: o que é a verdade (afinal)?

A 30 de Abril a verdade foi conhecido, já que a mentira não tinha lugar. O Camboja é invadido, a guerra expande-se, o Presidente mente.
A 4 de Maio o impensável ocorre quando 4 estudantes são assassinados pela Guarda Nacional de Ohio ao protestarem o avanço da guerra.
Em 1971 o The New York Times e o Washington Post publicam excertos dos Pentagon Papers, a verdade começa, afinal, a ser-se sabida.

17 de Junho de 1972, cinco homens são detidos quando tentavam fotografar documentos e instalar aparelhos de escuta no escritório do Partido Democrata, no Complexo Watergate, em Washigtan DC.
O resto é a verdade consequente dos dias que nos trazem até hoje.

Resta perguntar se não será pertinente, ao virar uma década – bom 2021 -, se ao invês de perguntar ‘o que é verdade’, inquirir ‘o que é real?’, já que mentir é o nosso dia a dia, e a alternancia o facto concreto de que nos fazemos.

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