Factos são factos, mas a mentira tem perna curta. Triste quando ela se esconde entre a verdade que se prefere ignorar.

“Este homem pegou uma nação destruída, recuperou sua economia e devolveu o orgulho ao seu povo.
Em seus quatro primeiros anos de governo, o número de desempregados caiu de seis milhões para novecentas mil pessoas.
Este homem fez o produto interno bruto crescer 102 por cento e a renda per capta dobrar.
Aumentou os lucros das empresas de 175 milhões para cinco bilhões de marcos e reduziu a hiperinflação a, no máximo, 25% ao ano.
Este homem adorava música e pintura e, quando jovem, imaginava seguir a carreira artística…”

Por omissão acima se descreve o político herói. Nas entre-linhas um dos maiores genocidas da Humanidade.
A novilíngua da verdade parcial omitindo a realidade sempre existiu, recordando-se que Orwell escreveu o seu Nineteen Eighty-Four em 1949, tumultoso mundo pós 2ª grande guerra.
E hoje, mundo virus/viral, o adágio popular ressoa como verdade consequente; “uma mentira pode dar a volta ao mundo, enquanto a verdade calça os sapatos”.

Ainda recentemente uma carta datada de 1687 por mão da Madame de Sévigné à sua filha Madame de Grignan, tornou-se viral nas redes sociais ao abordar a utilização de máscaras contra a pandemia de então na Corte de Versailles. O problema? A carta é um pastiche de diferentes cartas escritas pela própria misturante factos, meias verdades e mentiras descaradas.
A graça do facto? O Senhor meu Pai já conhecia a carta de menino ao a haver lido em miúdo quando estudou francês e lembrar-se justo desta “falsa memória” sobre uma pandemia inexistente numa carta claramente falsificada.

Da mesma forma que este exemplo possa ter surgido, suponhamos, durante a Pneumónica de 1918, o mesmo paralelo se pode dizer sobre a celebre frase atribuida a Marie Antoinette Qu’ils mangent de la brioche, uma mentira propalada até à exaustão que não encontra ecos na biografia da Dauphine de França.
Mentiras usadas para criar factos que nem alternativos são.

É possível contar um monte de mentiras dizendo só a verdade, por isso é preciso tomar muito cuidado com a informação e o jornal que você recebe.”
Tema do anuncio da Folha de São Paulo em 1988, “o jornal que mais se compra e o que nunca se vende”.

Hoje os sapatos da verdade precisam ser calçados para que a mentira pare de correr tão depressa e a novilingua Orewelliana não seja a realidade vigente. Senão há que perguntar: Que nova língua estamos a falar?

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