Se o Governo da Geringonça viveu de forma sorrateiramente bem oleado, nessa crença da encrenca onde as peças estão encaixadas por toques de reboque e o bater se faz numa sintomática sintonia de puxa que te faço empurrar, a verdade é que agora mordeu a maçã do pecado original e saiu do eterno Jardim do Éden.
Não foi a semana horribilis de Costa que mais o traiu, mas antes esse sua negação plausível que se viu sonegada.
Se quando a sua nêmsis disse ter criado o mecanismo de resolução que dias depois foi aplicado no Banco Espírito Santo o fez sem que para isso a tivesse criado, agora vê-se o Governo do Primeiro Ministro Costa na inusitada situação de criar um mecanismo legal para ajudar à resolução de uma OPA por parte de um Banco Privado demasiadamente exposto ao crédito Angolano, dizendo que também não o fez com esse intuito.
Justo no instante em que Costa afirmava esse facto, esclarecendo a desinformada Comunicação Social que buscava um bom furo jornalístico, o seu Presidente da República vinha confirmar que havia sido o próprio, em conjunto com o Governo que tinha segurado a aprovação do diploma por um mês por forma a ver se o dito Banco Privado e a accionista com quem António Costa manteve contacto para resolver a situação, chegaria a um acordo benéfico para todas as partes.
Não só não chegou, como obrigou um Governo de Esquerda a ir-se imiscuir em negócios Privados, metendo o bedelho na Banca de forma desastrosa, emulando de uma forma politicamente divertida tudo aquilo que criticaram violentamente o anterior Governo de ter feito.
Partido Socialista, Bloco de Esquerda, Partido Comunista Português, os Verdes pecaram em conjunto. Comeram a mesma maçã que sempre haviam negado trincar. A sua negação plausível foi-se.
A sua idoneidade face à sua dita Direita dos interesses capitalista esvaiu-se.
Resta-lhes perceber que os Bancos Públicos não podem ser capitalizados pelo BCE, justo o que torna a privatização parcial da CGD uma necessidade essencial à sua sobrevivência.
Acabou-se a sonegação, é impossível, o pecado já não é mais original.