Muito se tem dito acerca do OE’2016 de Mário Centeno, das apresentações de António Costa, dos seus Ministros em rainbow tour pelo país e até dos vídeos de youtube que nos fazem promessa do que a matemática explica ser um claro aviso de Bruxelas face à imprevisibilidade do que o executivo não controla ou sequer acautela na sua vontade populista em dar tudo a todos cobrando aos mesmos.
Depressa muitos surgem em defesa do que chama a Direita aziada ou o agoiro da falácia propalada pela máquina em luto da derrota. O quadro macro económico do formado em Oxford é imbatível, inquestionável e sobretudo infalível. Se falhar a culpa será, como em 2011, toda da crise externa.
Os sinais estão aí, ainda que por aqui sejam largamente ignorados.
O crescimento previsto para a economia Chinesa de 6,9% está mais próximo de 4%.
As acções do Deutsche Bank caíram este ano 40%, aumentando o risco de desconfiança na Europa e, sobretudo, na Eurozona.
As regras bancárias implementadas a 1 de Janeiro de 2016 reforçam poderes institucionais, mas revelam as suas fragilidades internas, sobretudo com os cocos e a política de bail in.
Mas acima de todos estes sinais paira um inquietante, invisível e que mais se assemelha à cloud cibernética: aquela que todos sabem existir mas ninguém sabe bem onde. O seu desaparecimento será trágico para a Humanidade dependente da tecnologia que ela fornece.
Falo de derivativos.
Um derivativo não é mais que um contrato no qual se estabelecem pagamento futuro, cujo montante é calculado com base no valor assumido por uma variável, tal como o preço de um outro activo – uma acção ou commodity -, a inflação acumulada no período, a taxa de câmbio, a taxa básica de juros ou qualquer outra variável dotada de significado económico.
Ou seja, faz-se uma preposição em algo que a ocorrer é um garante de algo que ainda não se concretizou.
Para se ter uma noção da dimensão do mercado de derivativos, ele é 12,6 vezes maior que o mercado económico convencional. Ou seja, na finança mundial circulam algo como 55,5 triliões de dólares, enquanto no mercado dos derivativos estão 700 triliões assegurados nesse futuro risco garantido num pressuposto imbatível, inquestionável e, sobretudo, infalível. (óbvio…)
Vistas as coisas sob este prisma, em que o Mercado Global é conduzido por sábios e intelectuais financeiros, lembrando sempre que quando o Lehman Brothers colapsou tinha três prémio Nobel na sua direcção financeira, acho que podemos dar por seguro que a deriva inquietante deste desgoverno Português está muito assegurada em culpar o mercado externo.
De facto a mentira tem perna curta, e a não ser verdade, não é de todo falso que os problemas da economia nacional assentem na desponderada linha financeira que a Geringonça escolheu, eles apenas se fragilizam pela ilusão de grandeza que vendem.
É que a não parecer o OE’2016 é ele também um derivatido. Sim, de realidade.