Jerónimo de Sousa disse o que lhe ia na alma. Falou daquilo que a juventude tem e que a idade mais velha não consegue esconder, nesse ciúme (?), inveja (?), face ao que o seu partido não tem produzido nas hostes mais jovens: uma atracção bela como Eva, amada como Isadora e decidida como Salomé.

Claro que o PCP não tem “uma candidata engraçadinha”. Até assume ser incapaz de mudar, mas a verdade é justo essa, enquanto o Partido Comunista se torna previsível na sua defesa da ferramenta, no julgamento nauseabundo de Zé Diogo pela UDP, ou mesmo desse condenação a título póstumo da vítima, a juventude feminina comunista, com mais ou menos maquilhagem, fica-se por Catarina Eufémia.
E com o devido respeito, agradece-se, pois o Comunismo é um vírus raro e em vias de extinção.

Já o seu proponente da oposição directa, saída das suas entranhas proletárias, com esse típico nojo de um filho que se quer desvincular de um pai sujo e fabril, desonrando a legítima certidão que lhe deu honra e educação, temos o caviar gauche do Bloco.

O ardil da imagem é tudo no Bloco de Esquerda.
Se em tempos existia quem nele se fizesse pensador de estrutura e base, e mesmo com o meu veto e discordância ideológica, a verdade é que a onda de populismo mental, na senda vitoriosa Venezuelana, misturada com a demagogia vencedora Argentina, se cria uma imagem engraçadinha que já recebeu um título (reles, assumo) de esganiçado.

Ver as meninas do Bloco – que são a sua única cola aglutinadora – é espelhar essa causa e consequência de uma mistura de mito e ilusão entre uma narrativa bíblica e a verdade esotérica de personagens reais mas maiores que uma realidade mundana.

Bloco Eva.jpg

Apesar de Marisa Matias ter surgido como a voz rouca de uma candidata a Presidente a verdade é que a sua existência em terreno político nacional é parca, vive fora no Parlamento Europeu, lutando, sem grande afã, as causas anti-europeias que a tornam a minoria de um Mundo feito de acordos de compromisso e respeito.

No território Nacional, nessa casa do Povo, construída na soma do descontentamento implícito das minorias, existem três rostos que dão a cara pela mixórdia aglutinada Bloquista: Joana, Mariana e Catarina.

Catarina é Eva, a personagem bíblica, a que nos traz uma maçã com esse veneno pretenso da sabedoria mas que nos carrega para um eterno purgatório. É a perfeita actriz. O doce olhar destemido do confronto inquietante da representação ensaiada, sem cujo guião nada seria.

Mariana é Isadora, a Duncan, essa das danças inebriantes entre os véus, onde incorpora ‘Lavinia King’ e nos fazia crer nesse seu inconsciente dominador. Possui uma certeza tão relativa quanto a frase que a bailarina disse nesse seu destino eterno: “Adeus Amigos, vou para a Glória”.

Por fim, nesse espelho do véu que se ondula, Joana. Ela é Salomé, a personagem do Novo Testamento, cujo fanatismo da entrega obstinada a levam à loucura do crime. Se Salomé pede que se decapite S. João Baptista, Joana não terá entraves em decapitar, figurativamente, quem em contra a sua ideologia se opuser.

Se por um lado há, inegavelmente, um atractivo neste reduto feminino Bloquista, até ao ponto da igualdade inerente nele, nessa dança emancipatória e progressista com que se nos apresenta, a verdade é que a senda rebelde e adolescente que trazem, onde a cultura de compromisso existe para uma mera conquista relativa de espaço legislativo, as torna um risco “engraçadinho” de mais a correr.
E isso, como a história, nos seus erros e acertos passados e presentes, nos ensina, não tem graça correr.

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